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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Natal, Rúbia Maroli


Outro dia me deparei com o ato falho de alguém que disse “Natal é a morte de Cristo”. No momento achei graça, zombei e corrigi “Não, é o nascimento”. Refletindo um pouco, percebi que Natal está mais para a morte do que para o nascimento de Cristo. O que mais vemos nascer nas pessoas é o espírito do consumo, a fé na televisão, o amor ao presente mais caro, a esperança da ceia mais prazerosa com sobremesas encantadoras. As pessoas se preocupam em comprar presentes, vestir-se a altura e mostra-se bem, mesmo que não estejam. Cristo não fica mais em segundo plano, talvez terceiro ou quarto. O momento da ceia em que alguém sugere uma oração é tido pelos mais jovens como o momento chato da festa. Matamos Cristo e fazemos nascer nas crianças a figura do Papai Noel “esse presente não fui eu quem comprou, foi o Papai Noel que deixou para você”. As pessoas desejam “Feliz Natal” sem saberem o que dizem. É o mal das frases prontas e inquestionáveis, aliás, cada vez questionamos menos o sistema, a sociedade, o consumo, a indústria da estética, a mídia. Tornamos marionetes repetindo textos e ações que jamais seriam nossas. Enviamos a todos de nossa lista de e-mail algum cartão de natal que outro já estava repassando e que achamos interessante. E ser normal é isso, uma vez que os questionadores são tidos como loucos e insensatos. E o réveillon está por vir, repetiremos aos familiares e amigos “Feliz Ano Novo”. Para isso, escolheremos a melhor roupa e buscaremos desfrutar da melhor festa. Que bom que Cristo também gostava de festas, talvez por isso não o matamos por completo, mas que no Natal ele está cada vez mais morto do que por nascer, isso está. Até porque na sua ressurreição o que nos aparece é um coelho distribuidor de chocolates e um feriado bom que muitos já programaram o passeio, até mesmo antes do ano novo nascer. E assim seguimos no século XXI, correndo correndo, sem chegar a lugar algum.



Eu poderia assinar como “Arnaldo Jabor” para que meus amigos repassassem aos seus achando que leram algo “cult”, mas essa reflexão boba é minha mesmo. Acordei com isso hoje e resolvi escrever. E para você, meu amigo, meu familiar ou meu contato, desejo que neste natal, você seja você, faça o que lhe der vontade, mas reflita se suas vontades são suas mesmo ou de um inconsciente coletivo do qual você é parte. E se tiver difícil, invista em ARTE!




Abraços, Rúbia Maroli