boo

sábado, 21 de julho de 2012

O pedágio que se paga para ter um comércio em Juiz de Fora está insuportável:

A Tribuna de Minas do dia 12 de julho de 2012 publicou reportagem muito ruim sobre a crise do comércio em Juiz de Fora. É preciso dizer que esta crise já está vigindo há muito e que vem ceifando gradativamente a capacidade de crescimento econômico do município. Infelizmente, como a reportagem foi mal conduzida ou, conduzida de forma tendenciosa, a maior parte do público leitor deste jornal fica novamente sem saber o que realmente está acontecendo. O título da matéria afirma “Queda de 40 % no faturamento do comércio no 1º semestre” Esta é uma afirmação gravíssima, a qual, para a maior parte dos comerciantes da cidade, reflete de fato, o que já sabiam, que as vendas caíram de intensidade e qualidade, mas não de janeiro para cá, a coisa já vem de pelo menos 2 anos. A reportagem, através dos dados do Serasa e do depoimento inconsequente, frágil e omisso do Presidente do SINDICOMÉRCIO quer atribuir a um índice de inadimplência dos consumidores ou a um índice crescente de devedores a quase total responsabilidade pelo fracasso do comércio local (já que apenas este dado foi discutido). Digo quase total porque a reportagem afirma que essa seria uma “uma das causas”, mas não afirma quais seriam as outras, muito embora elas existam, muito embora os comerciantes saibam destas causas e também os comerciários. Afirmação inconsequente porque este Presidente está confundindo o leitor trocando faturamento por lucro.”Segundo Belotti a queda dos lucros no comércio local no primeiro semestre chegaram a 40%” Uma coisa senhor Presidente, é perder 40% do faturamento que significa literalmente não ter lucro, estar devendo e não ter como continuar repondo mercadorias ao estoque. Outra coisa é perder 40 % do lucro, porque se ainda se mantém 60% do Lucro (ainda que seja um lucro mensal de apenas 500 reais) significa que o ponto de equilíbrio financeiro da empresa ainda está estabilizado, os custos e despesas ainda são pagos sem atropelos sem ser necessário recorrer a renegociações e empréstimos. Mas evidentemente que o Sindicomércio não sabe quanto lucra cada setor na cidade. O Lucro de um negócio não se apura, e não se revela, na medida em que não se revela a estratégia de trabalho de cada negócio. Da mesma forma que o Sindicomércio não menciona as causas mais graves para esta queda do faturamento porque não está consciente delas: O custo fixo altíssimo do comércio e a grande falta de empregos. Da mesma forma como o senhor Presidente do Sindicomércio afirma que quem está devendo não compra, quem não tem emprego também não compra, e se falta gente para comprar o comerciante não tem para quem vender. A segunda parte da reportagem, ancorada no argumento de que a queda do faturamento do comércio em grande medida se deve à baixa procura por roupas de inverno, quer ainda propor três bobagens. A primeira, que o comércio de Juiz de Fora pode ser reduzido à venda de roupas, a segunda, que, oferecer descontos mirabolantes para estimular as vendas é uma alternativa viável para qualquer negócio. Ora, quem oferece altos descontos para desencalhar mercadoria ou tem uma margem de retorno (a diferença entre o valor de compra no atacado e valor de venda no varejo) excelente, da ordem de 200% para cima ou está decretando o fim do negócio. A terceira, que o 1º semestre de um país tropical compreende todo o período de inverno. Pois faltou dizer que parece existir um pacto de silêncio em relação ao custo fixo do comércio, e que o maior componente deste custo fixo é o aluguel dos imóveis. Faltou dizer que devido a este custo fixo, mais de uma centena de lojas estão fechadas no centro comercial da cidade, são negócios e empregos que poderiam estar movimentado a economia da cidade, e não há no mundo, outra forma de se manter e fazer crescer uma economia senão através da expansão do mercado interno, através da maior fonte universal de empregos que é o setor terciário (comércio e serviços). Faltou dizer que a função social do imóvel em Juiz de Fora é apenas uma frase sem sentido. Faltou dizer que os comerciantes também precisam modernizar seus negócios, oferecer treinamento e capacitação adequados, mas que ao invés disso estão demitindo. É preciso dizer que conforme a Tribuna de Minas colheu recentemente em outra reportagem, da voz e da conclusão de importante representante do Mercado Imobiliário local, que os imóveis comerciais não vão baixar de preço e que a solução é migrar para os bairros e para as salas comerciais dos edifícios do centro. Mas não é só isso, os imóveis residências também estão pela hora da morte, ou seja, a maior parte dos salários fica no imóvel alugado, não sobrando muito para as compras. Daí que de fato, aí a inadimplência dos consumidores de Juiz de Fora realmente tem um forte componente de causa. E para concluir é preciso dizer que os preços praticados pelo comércio e serviços em Juiz de Fora, são desproporcionais a capacidade de compra proporcionada pelo volume dos salários pagos na praça local. Em outras palavras, não há população consumidora suficiente para bancar toda a rede lojista da cidade, e quanto menos lojas comerciais existirem na cidade, menor será a venda porque menor será o número de empregados. Vejamos novamente dados informados pela Tribuna de Minas há pouco mais de seis meses atrás: Média da Renda Mensal Domiciliar em Juiz de Fora = R$1190,00; Valor médio dos aluguéis residenciais = R$750,00.