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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
REALIDADE DE JUIZ DE FORA
O Comércio em Juiz de Fora e a Zona da Mata
Abram Szajman, que é presidente da Fecomércio do Estado de São Paulo, em 18 de julho de 2011 num artigo publicado no jornal Estado de São Paulo ocupa-se em demonstrar a imensa importância que o comércio representa para a economia brasileira. Dados estatísticos revelam que na região metropolitana de São Paulo, comércio e serviços são responsáveis por 77% da mão de obra empregada e que “Só no ano passado, o número de carteiras assinadas no comércio cresceu 75%, respondendo ao dinamismo atual da economia” Na verdade, no contexto da economia brasileira, comércio e serviços respondem por 72% dos postos de trabalho, ou 67,4% da economia nacional. Com estes números Szajman reivindica melhores condições de crédito para o setor... Destacando o anacronismo com que o sistema creditício ainda privilegia a indústria que responde apenas por 25% dos postos de trabalho.
Cá em Juiz de Fora, temos uma situação análoga, outro anacronismo. O engessamento da economia local que há pelo menos 40 anos vem reafirmando especialmente a concentração da riqueza nos negócios imobiliários. O problema é que o negócio imobiliário cresceu em boa medida à base de supervalorização especulativa do metro quadrado. Em Juiz de Fora se paga caro para morar e mais caro ainda pelo imóvel comercial, de tal forma que quanto mais caro foi ficando o preço dos imóveis, menor tem sido a capacidade de consumo, seja porque não sobra muito para o trabalhador (aluguel do imóvel residencial), seja porque o empregador, com custo fixo altíssimo e rentabilidade instável( aluguel do imóvel comercial, demanda reprimida de visitação, baixo poder aquisitivo da maior parte da população ) não consegue pagar melhores salários, não consegue investir em diversidade de oferta de produtos, não consegue investir em treinamento e capacitação, o que significa não melhorar e não expandir este setor que Szajman nos lembra ser a condição fundamental para o incremento do mercado interno, para a circulação de dinheiro, ou, em uma palavra, capitalismo.
Juiz de Fora reclama da violência e do comércio ilegal sem atinar para um dado tão primário e elementar que é a riqueza que pode ser gerada na multiplicação dos postos de trabalho e na melhora da qualificação e renda dos trabalhadores. Quanto maior o número de empregos e melhor a remuneração, maior o consumo, maior a praça comercial e seu significado econômico e social, sem falar do crescimento da arrecadação fiscal. Não há dúvida, portanto, sobre a importância do setor terciário também aqui na Zona da mata Mineira, determinando, assim, a verdadeira vocação de Juiz de Fora.
A Tribuna de Minas publicou reportagem providencial no dia 4 de setembro último expondo, sem querer esta lógica do engessamento da economia local. A reportagem revela que os aluguéis comercias supervalorizados, fechando empresas ou deslocando-as para os bairros.promovem o esvaziamento do centro da cidade. (Ocorre que isto já vem acontecendo há muito tempo. No final de 2009 o mesmo jornal revelou que tínhamos mais de 100 imóveis térreos fechados apenas entre as 7 principais transversais do centro da cidade). Infelizmente, no dia seguinte, o editorial do mesmo jornal quis amenizar a força causal principal do crescente fechamento das lojas do centro da cidade e da alta rotatividade dos imóveis comerciais, ou seja, ainda resta, evidentemente, a grande força inercial pecuniária dos grandes proprietários que podem se dar ao luxo de manterem suas lojas fechadas, fazendo questão de não tomarem conhecimento do quanto custa fazer comércio e serviços( trabalhar) em Juiz de Fora. Expressa isto claramente os casos (vários casos) em que um imóvel de metragem razoável situado em ponto comercial muito vantajoso é convertido em 2 ou 3 imóveis de metragem inútil, comercialmente falando, mas com aluguel altíssimo multiplicado por 2 ou 3. Inútil porque não há espaço adequado para merchandising, nem para acolhimento dos clientes. Ora, Mini loja trabalha com mini preço, ganha pouco, portanto só pode pagar pouco.
Até quando vamos continuar nos auto-enganando? Até quando seremos a capital da segunda região mais pobre de Minas Gerais? Não há apoio nenhum da prefeitura para comércio e serviços (queria sim aumentar o valor do IPTU—o que significa nominalizar o aumento do preço dos imóveis), a Congregação de Dirigentes Lojistas, ou as Câmaras Setoriais não debatem a questão, sequer para garantir ao empreendedor local informação e racionalidade para minimizar a credulidade e o índice de vida curta das empresas.Tergiversam através da Tribuna de Minas apresentando um número de pedidos de falência entre 2008 e 2011. Mas não mencionam pedidos de concordata... Para quem não sabe, falência quem pede é o credor. Concordata solicita o próprio dono do negócio, mas só pode pedir concordata quem pode pagar pelo encerramento da empresa, pois a maioria das pequenas e médias empresas que fecham as suas portas simplesmente quebram devendo muito, se conseguem negociar dívidas com credores e honrarem compromissos já é muito.
Por último, temos o Sebrae, que alerta para a falta de planejamento como variável importante da causalidade do alto índice de fechamento precoce das empresas. Este aspecto da realidade do comércio não apenas local revela sim que muitos empreendedores não sabem o que significa custo fixo do empreendimento, muitos menos são capazes de argumentar como o custo fixo pode mortificar rapidamente qualquer empresa.
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